A Palavra do Bispo 4j2h6f
Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.
Mensagens e publicações do bispo diocesano, Dom Otacilio Ferreira de Lacerda.
“O Verbo Se fez Carne
e nós vimos a Sua glória” (Jo 1,14)
A alguns dias do Natal, precisamos dar os últimos os em sua preparação, para que exultemos de alegria diante do maior acontecimento conhecido pela humanidade: o nascimento de Jesus.
Através d’Ele, Deus vem armar a Sua tenda, vem morar em nosso meio, fazendo-se um de nós, exatamente igual a nós, exceto no pecado. Caminhando conosco, Ele, a luz do mundo, ilumina a nossa vida, os nossos caminhos.
Diversos fatos revelam o Natal do Senhor acontecendo em nossa vida, em todos os âmbitos e em todo o tempo; fatos marcantes que manifestam a glória de Deus.
A intensidade dos fatos vividos nos desafia a olhar para frente e comunicar uma palavra de ânimo, coragem e vigor para a continuidade da ação evangelizadora que é ininterrupta e jamais consumada.
Celebrar o Natal do Senhor com matizes pascais e manifestar a Sua glória, comunicando “a alegria do Evangelho”, como insistiu o Papa em sua primeira Exortação Apostólica, é sermos portadores de uma alegria que o mundo não pode oferecer e tão pouco nos tirar, porque somos discípulos missionários do Verbo que se fez Carne, presença divina em nosso meio e nos enviou em missão.
Celebrar o Natal verdadeiramente nos faz intensamente comprometidos com uma Igreja que não se acomoda dentro de suas quatro paredes, mas vive com ardor a presença no mundo, comunicando o sabor de Deus e a vida, porque comunica a Luz que veio iluminar a humanidade e tão somente assim seremos fermento na massa, levedando um mundo novo que tanto sonhamos e buscamos.
Que a Noite de Natal não seja apenas de mesas fartas e troca de presentes, um tempo de alegria cronometrado. Mas, seja, antes de tudo, uma noite em que os corações se abrem para acolhida do Amor ao mundo comunicado e para sempre presente no coração dos homens e mulheres de boa vontade que cantam glória a Deus no mais alto dos céus, para que tão somente assim tenhamos uma fé luminosa, que tornará fecunda a esperança, porque de braços dados com a caridade.
Natal com matizes Pascais é preciso ser celebrado, e isto acontece no primeiro e indispensável espaço de nosso coração. Somente assim o Natal será todos os dias, comunicando ao mundo o que mais belo ele significa para nós: o nascimento do amor, o resplandecer da luz que brilha nas trevas, nas sombras da história.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
http://peotacilio.blogspot.com/2019/12/exultemos-de-alegria-pelo-nascimento-do.html?m=0
Com a Liturgia do 4º Domingo do Advento (ano A), contemplamos e professamos a fé em Jesus Cristo, o Deus conosco que veio nos trazer a Salvação.
Na agem da primeira Leitura (Is 7,10-14), a mensagem fundamental é que Deus nunca abandona o Seu povo e está sempre presente.
Com o Profeta, aprendemos que não se pode confiar em alianças efêmeras, ageiras, temporais (nações potentes, exércitos estrangeiros…). A confiança e a esperança devem ser tão apenas em Deus, do contrário, pode se incorrer em maior sofrimento e opressão.
É preciso que, como Povo de Deus, saibamos ler os sinais de Deus, para não confiarmos em falsas seguranças e ilusórias esperanças. Somente Deus, Sua presença e Palavra, devemos ter como nossa “rocha segura”.
Na agem da segunda Leitura (Rm 1, 1-7), vemos que o verdadeiro encontro com Jesus, assim como aconteceu com o Apóstolo Paulo, culmina com o anúncio e testemunho d’Ele, de Sua Pessoa, Palavra e Projeto de Vida e Salvação.
Paulo se apresenta como o servo de Jesus Cristo (descendente de Davi), Apóstolo por chamamento e eleito para anunciar o Evangelho a todos os povos. Nisto consiste sua missão, que levou até o fim, culminando com o martírio e derramamento de sangue.
Com ele, aprendemos que a missão evangelizadora deve ser realizada com amor e espírito de serviço, com palavras e gestos concretos.
Na agem do Evangelho (Mt 1,18-24), temos um texto catequético, em que nos é apresentado Jesus, o Deus conosco, que, ao Se encarnar, traz à humanidade um Projeto de vida e salvação, e para tanto, Deus quis contar com a colaboração humana (Maria e José).
Temos a descrição cuidadosa da mensagem do Anjo, e da revelação de quem é Jesus:
– Ele vem de Deus, com origem divina, pois Maria está grávida por obra do Espírito Santo;
– Sua missão é a Salvação de toda a humanidade, como indica o Seu nome;
– Ele é o Messias de Deus, da descendência de Davi, como por séculos fora anunciado (aqui o papel preponderante de José, com a paternidade adotiva).
Vivamos o Tempo do Advento como a graça do encontro com Jesus e a acolhida de Sua Pessoa, Palavra e Projeto, que transforma a nossa vida.
Vivamos o verdadeiro Natal, não um natal do consumismo, dos presentes trocados, das refeições mais enriquecidas.
Mais que comemorar o Natal, celebremos o Natal do Senhor, aprendendo com Maria e José, que acolheram o Verbo e permitiram que Ele crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.
Que o sim de Maria e de José leve-nos a refletir sobre os “sins” que Deus espera de todos nós para que o Seu Projeto de amor, vida, luz e paz, chegue a todas as pessoas.
O verdadeiro Natal ocorrerá em nossa vida quando formos totalmente sim para Deus e Sua vontade, e se preciso for, revendo nossos caminhos e projetos pessoais, colocando os Seus desígnios e vontade acima de nossas próprias vontades e caprichos.
Natal é a Luz de Deus que vem iluminar nossos caminhos obscuros, sobretudo quando vemos noticiários quotidianos em que a mentira, a maldade, o roubo, o desmando, a corrupção parecem prevalecer sobre as atitudes e pessoas de boa vontade.
http://peotacilio.blogspot.com/2019/12/natal-seja-feita-vossa-vontade-senhor.html?m=0
A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) nos convida à alegria, sobretudo porque se aproxima uma das maiores Festas do cristianismo: O Natal do Senhor!
A alegria pela libertação chegou e a esperança está acesa: “Alegrai-vos no Senhor…” é o refrão que sentimos ressoar no mais profundo de nossa alma ao ouvir a proclamação da Palavra de Deus (Is 35,1-6.10; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11).
O profeta Isaías tem uma única intenção: despertar a esperança e a confiança dos exilados.
Nada de desânimo, nada de covardia, nada de abaixar os braços, pois Deus vem para salvar e libertar o Seu povo… O profeta é aquele que planta no mais profundo de quem precisa a semente da esperança que se concretiza na confiança e na coragem de lutar, no empenho do bom combate da fé.
O profeta, como portador da Palavra de Deus, é aquela voz que nos acompanha, nos fortalece no irrenunciável empenho com o Projeto libertador de Deus que é a ação de gerar vida em abundância.
O Profeta assume a história de seu povo, coloca-se com ele em marcha, da escravidão para a liberdade, olhando o mundo com o olhar da esperança, levando todos a abandonar os óculos escuros do desespero.
Urge que acolhamos, como os profetas, a proposta libertadora de Deus em nossa vida, remando contra a maré das ideias dominantes, nem sempre coincidentes com o pensamento divino. Deste modo o profeta olha o mundo com os olhos de Deus para testemunhar com fidelidade, confiança e esperança em todas as circunstâncias e em todos os momentos.
Com os profetas e com o Apóstolo Tiago, aprendemos que alegria Deus não nos dispensa de compromissos, empenhos, embates, os largos a serem dados em busca de horizontes inéditos, como que reconstruindo o paraíso que foi manchado pelo pecado.
São Tiago nos exorta à paciência e ao olhar de fé que deve ser renovado quotidianamente em cada Banquete da Eucaristia celebrado a fim de que a alegria e a esperança invadam nosso coração.
Ele também nos ensina que é sempre tempo de reavivar a confiança e paciência na espera do Senhor que veio, vem e virá… Recuperar e jamais perder os valores cristãos autênticos e cultivar a paciência até que ocorra a intervenção final de Deus na história: confiar do Senhor não é sinônimo de cruzar os braços.
Convenço-me, a cada dia, que viver é reconstruir o paraíso, não como saudade estéril, mas como esperança e confiança frutuosa.
Deste modo é que no Evangelho contemplamos a ação de Jesus; Deus veio ao nosso encontro através do Seu Filho e com Ele a proposta libertadora: os desesperados recuperam a esperança, os surdos voltam a escutar a Palavra, os cegos enxergam novo horizonte além do sol poente; os coxos reconquistam a liberdade; os pobres se abrem para a solidariedade e o amor de Deus.
Num mundo marcado pela mentira e fingimento, urge a necessidade da sinceridade, como nos motiva o testemunho de João Batista que exerce sua missão com fidelidade, sinceridade e sem medo.
Com João, e todos os profetas, aprendemos uma salutar lição: a força divina começa no exato momento em que reconhecemos a nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação de Deus, à ação de Sua graça e abertura para o Seu perdão.
Somente deste modo a alegria e a esperança invadirão e transbordarão em nosso coração: “irromperá no coração dos que creem a alegria da luz do Natal!”.
Reflitamos:
– Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor, como ser sinal de alegria?
– Onde e quando precisamos ser profetas da alegria, portadores de uma Palavra que renova, revigora, refaz forças na construção do Reino de Deus?
– Qual o caminho verdadeiro para expor nossas dúvidas com toda sinceridade diante de Deus e com quem convivemos?
Preparemos o Natal para que vivamos uma vida cristã mais autêntica e a alegria verdadeira será mais que desejável em nosso coração; será transbordamento, porque edificada sobre o fundamento e fonte da verdadeira alegria: Jesus!
PS: Aos que estiverem enfraquecidos, desanimados… Convido que retome e leia Isaías 35. O Profeta fala nas entranhas de nosso coração…
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
“Alegrai-vos sempre no Senhor, de novo vos digo,
alegrai-vos: O Senhor está perto” (1)
A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar.
Estamos, portanto, no Domingo da Alegria, que a Igreja chama de Domingo “Gaudete”.
A Palavra nos convida a não nos inquietarmos com nada: “Alegrai-vos, pois a libertação está para chegar”.
Na primeira Leitura, ouvimos a agem do Profeta Isaías (Is 35, 1-6a.10), em que este tem o desejo de despertar a esperança e a confiança nos exilados.
Está próxima a chegada de Deus, que conduzirá o povo para a Terra da liberdade, da vida plena e feliz.
Trata-se de um hino em que se convida à autêntica alegria, deixando de lado todo desânimo, pois a ação de Deus consiste em gerar vida em abundância.
O Povo de Deus vive um segundo êxodo, ainda mais grandioso que o primeiro. É preciso que olhe o mundo com os olhos da esperança, jamais com os óculos do desespero, para não sucumbir diante das forças da morte que não prevalecem para sempre.
Nisto consiste o verdadeiro Advento: a contemplação da intervenção divina; e ser, no mundo, como o profeta Isaías uma testemunha da alegria, da confiança em Deus e da esperança que n’Ele não decepciona.
De fato, ser Profeta é remar contra a maré, vendo o mundo com os olhos de Deus. É preciso, no mundo, ontem, hoje e sempre, homens e mulheres que deem este testemunho.
Na agem da segunda Leitura (Tg 5,7-10), Tiago exorta a comunidade a não desistir da espera do Senhor que vem, cultivando a paciência e a confiança.
Tiago é um sábio judeu-cristão que repensa, de maneira muito original, as máximas da sabedoria judaica, vividas plenamente nas Palavras e ação do Senhor.
Preocupa o autor o abuso da sobreposição da fé às obras, bem como o abuso dos ricos sobre os pobres.
Exorta à perseverança, à união e a não perda dos valores cristãos, apresentando para isto, a proposta de uma autêntica vida cristã.
Acentua nesta agem a esperança que deve iluminar o coração de todos na comunidade, pois a libertação está para chegar, mas a confiança no Senhor não nos permite o cruzar dos braços.
Esta esperança, acompanhada da paciência e confiança, é que dá coragem na luta, no bom combate da fé, em sua perfeita tradução em obras.
Esperar com confiança, mas sem revolta. Empenhar-se prontamente para o Projeto Libertador de Deus, que significa para nós a verdadeira preparação para o Natal.
No Evangelho (Mt 11,2-11), refletimos sobre a ação de Jesus que veio para comunicar vida, alegria e luz. Um Reino de justiça e de paz com Ele se inaugura.
A agem pode ser dividida em duas partes: na primeira, Jesus responde a pergunta de João Batista, confirmando que Jesus é Ele mesmo, o Messias esperado.
Na segunda parte, temos a descrição, pelo próprio Jesus, de Sua Pessoa, mensagem e missão.
A mensagem central é que Deus vem sempre ao nosso encontro, jamais nos abandona e continua a vir ao nosso encontro oferecendo-nos a Salvação.
Com Ele tudo se transforma: os desesperados encontram a esperança; os surdos recuperam a possibilidade de escutar a Sua Palavra em comunicação autêntica; os cegos voltam a enxergar um novo horizonte; os coxos e paralíticos reencontram a liberdade, o dinamismo para a vida e, finalmente, os pobres, correspondendo ao Amor de Deus, vivem a partilha e a solidariedade. O mundo marcado pela mentira e fingimento dará lugar ao mundo novo marcado pela verdade, sinceridade.
Com Jesus, na acolhida de Sua Pessoa e Sua Palavra, tudo se renova. Nisto consistirá para nós o Natal genuinamente cristão.
É esta a mensagem que a Liturgia do Domingo “Gaudete” nos apresenta: alegria verdadeira somente com Deus, e em Deus, pode ser encontrada.
E esta alegria somente é alcançada no exato momento que reconhecemos nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação do poder de Deus e de Sua presença, que comunica graça e perdão.
Somos feitos por Deus para a alegria. Que jamais a percamos. Que cultivemos a paciência necessária, e o nosso olhar de fé seja sempre renovado.
A Liturgia do Advento, os momentos pessoais, familiares e comunitários de Oração e uma boa confissão devem nos transformar.
Reflitamos:
Ø Como estamos preparando o Natal do Senhor?
Ø Como andam nossa alegria, confiança e esperança no Senhor?
Ø Qual é o fundamento de nossa alegria?
Ø Em que consiste a verdadeira alegria que Deus quer nos oferecer?
Ø Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor e morte, como ser sinal de vida e de alegria?
Ø A alegria tem sido uma marca de nossas comunidades?
A Festa do Natal do Senhor se aproxima, muito mais que comemorada, é preciso que seja celebrada e, assim, a alegria e a esperança invadirão nosso coração. No coração dos que creem irromperá a alegria e a luz do Natal.
Não deixemos lugar algum para o desânimo, desesperança. Descruzemos os braços e abramos o coração.
Maranatha! Vem Senhor Jesus!
(1) Antífona de entrada da Missa do 3º Domingo do Advento.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
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O significado e o valor do presépio.
No dia 01 de dezembro de 2019, o Papa Francisco nos agraciou com a Carta Apostólica “irabile signum”, sobre o significado e o valor do presépio.
Ele inicia ressaltando a importância do presépio na vida do povo, na religiosidade popular, e a necessidade de redescobrir e revitalizar o sentido do presépio na espiritualidade cristã.
O presépio é como um Evangelho vivo, que transvaza das páginas da Sagrada Escritura, e sua origem deve-se a São Francisco de Assis.
“Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar como ‘o pão vivo, o que desceu do céu’ (Jo 6, 51).
Uma simbologia, que já Santo Agostinho, a par doutros Padres da Igreja, tinha entrevisto quando escreveu: ‘Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso alimento’. Na realidade, o Presépio inclui vários mistérios da vida de Jesus, fazendo-os aparecer familiares à nossa vida diária”.
O presépio nos comove, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até à nossa pequenez:
“O dom da vida, sempre misterioso para nós, fascina-nos ainda mais ao vermos que Aquele que nasceu de Maria é a fonte e o sustento de toda a vida. Em Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado”.
Daqui decorre a importância de armar o presépio em nossas casas, pois nos ajuda a reviver a história sucedida em Belém, e nos convida a ir à fonte que são os Evangelhos, que nos permitem conhecer e meditar aquele Acontecimento.
A representação no Presépio:
– ajuda a imaginar as várias cenas;
– estimula os afetos;
– convida a sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais.
Desde a sua origem franciscana, o Presépio é um convite a “sentir’, a “tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na Sua Encarnação: – “tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados (cf. Mt 25, 31-46)”.
Em alguns parágrafos, o Papa apresenta vários sinais do Presépio, como o céu estrelado na escuridão e no silêncio da noite; as montanhas, os riachos, as ovelhas, os pastores, Maria, José, o Menino Jesus, os reis magos e o simbolismo dos três presentes (o ouro honra a realeza de Jesus; o incenso, a sua divindade; a mirra, a sua humanidade sagrada que experimentará a morte e a sepultura).
O Presépio tem uma mensagem clara: “não podemos deixar-nos iludir pela riqueza e por tantas propostas efêmeras de felicidade…”.
Deste modo, nascendo no Presépio “o próprio Deus dá início à única verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Do Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado”.
Quanto à figura do Menino Jesus, Deus assim Se nos apresenta, para fazer-Se acolher nos nossos braços:
“Naquela fraqueza e fragilidade, esconde o Seu poder que tudo cria e transforma. Parece impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar a grandeza do Seu amor, que se manifesta num sorriso e nas Suas mãos estendidas para quem quer que seja”.
O Presépio nos revela o modo de agir de Deus, que quase cria vertigens, pois parece impossível que Ele renuncie à Sua glória para Se fazer homem como nós, afirma o Papa:
“Que surpresa ver Deus adotar os nossos próprios comportamentos: dorme, mama ao peito da mãe, chora e brinca, como todas as crianças.
Como sempre, Deus gera perplexidade, é imprevisível, aparece continuamente fora dos nossos esquemas. Assim o Presépio, ao mesmo tempo que nos mostra Deus tal como entrou no mundo, desafia-nos a imaginar a nossa vida inserida na de Deus; convida a tornar-nos seus discípulos, se quisermos alcançar o sentido último da vida”.
Nossos olhos fixos na cena no Presépio, leva-nos a refletir sobre a responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador:
“Cada um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que encontra, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu amor; e fá-lo com ações concretas de misericórdia… O que conta, é que fale à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre”.
Finaliza acenando para o Presépio, que faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé e que nos educa para:
– contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós;
– sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos os filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria;
– sentir que nisto se encontra a felicidade.
Conclui com um convite, para que, na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixando que, do encanto, nasça uma prece humilde: “o nosso ‘obrigado’ a Deus, que tudo quis partilhar conosco para nunca nos deixar sozinhos”.
Se desejar, e e leia na integra:
Advento, Tempo favorável de preparação da vinda do Senhor, de esperar Sua chegada, reacendendo e mantendo acesa a chama da caridade, e assim o Natal, de fato, aconteça.
Sejamos enriquecidos pela Comentário do Missal Dominical, intensificando nossa preparação para a vinda do Verbo.
“O ritmo da vida atual, cada vez mais agitado, as engrenagens de um sistema que pretende planejar todos os momentos do homem, mesmo o que há de mais privado, reduzem cada vez mais os limites do imprevisto. Tudo deve ser ado pelo computador, classificado, neutralizado, assegurado. Mas para o cristão, Cristo continua a ser um acontecimento revolucionador: quando irrompe em sua vida, impõe uma mudança radical que quebra e transforma a rotina cotidiana. Cristo não pode ser programado; deve ser esperado. Devemos deixar em nossa vida um espaço para Sua presença. A vigilância cristã permite ler em profundidade os fatos para neles descobrir a vinda do Senhor. Exige coração suficientemente missionário para ver essa vinda nos encontros com os outros”.
A atitude de Vigilância, com dimensões pascais (Morte e Ressurreição) nos prepara para o verdadeiro Natal com agens múltiplas, em renovado compromisso com o Reino:
– agem das trevas para a luz;
– do pecado à graça;
– da distância dos relacionamentos à comunhão;
– do ódio ao amor;
– do egoísmo à partilha;
– das práticas injustas para práticas com equidade;
– da mentira à verdade…
Ao cristão jamais será permitido instalações em atitudes que não condizem com a fé cristã, como o comodismo, ividade, desleixo, rotina, desunião, desânimo, esfriamento no caminho da fé, perda da esperança (“hoppelesness” que alguns dizem hoje crescer entre nós), ausência de empenho no enfrentar dos desafios, insensatez, imprevidência, comer e beber sem medida; divertir-se tão apenas, arrivismo (ambições), desejos da concupiscência da carne (desejos em excesso)…
Ao Senhor supliquemos:
Acendei e reacendei sempre em nossos corações Vossa maviosa Chama; a chama da caridade, que nos impulsiona a viver como amados filhos de Deus, no amor ao nosso próximo. Amém.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
“Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar.
Com efeito, agora a Salvação está mais perto de nós
do que quando abraçamos a fé.” ( Rm 13,11)
No 1º Domingo do Advento do Ano Litúrgico (ano A), somos exortados para uma frutuosa preparação para o Natal:
“O apelo à vigilância, atentos ao Senhor que veio, vem e virá: “Nas Leituras deste primeiro domingo do Ano Litúrgico predominam dois temas: a vinda do Senhor e o tema da Vigilância.
Mais do que dois temas, trata-se antes, de dois ‘movimentos’: O Senhor vem – vamos a Seu encontro; Deus vem ao homem, mas só O encontra quem se coloca ao encontro d’Ele, quem está pronto” (1)
Numa atitude de vigilância, como cristãos, precisamos superar todo comodismo, ividade, desleixo, sem nos acomodarmos numa rotina sem brilho e sem luz.
A agem da primeira Leitura (Is 2,1-5) é um dos oráculos mais profundos e mais belos do Antigo Testamento. Uma visão em que os povos se encontram no Monte Sião (Jerusalém), em harmonia e paz sem fim.
Somente o encontro com Deus e com Sua Palavra possibilita a harmonia, o progresso, o entendimento entre os povos, traduzido em vida em abundância e paz universal.
Monte Sião é o reverso de Babel, pois esta segunda se caracteriza pelo confronto dos homens com Deus, o orgulho, a autossuficiência, o conflito, a confusão, a falta de entendimento, a dispersão e tudo que destrói a paz e relação de amizade com Deus.
Urge que nos ponhamos a caminho, ao encontro de Deus e Sua proposta de vida, amor e paz, e este sonho se realizará perfeitamente e plenamente em Jesus.
Na agem da segunda Leitura (Rm 13,11-14), o Apóstolo Paulo nos exorta para que despertemos de nosso sono, ou seja, emos das trevas para a luz. Deixemos de lado todo egoísmo, injustiça, mentira e pecado, e empenhemo-nos numa vida marcada pela partilha, justiça, verdade e graça.
Na acolhida e espera do Senhor que vem, contra toda possibilidade de divisão, é preciso, congregados pelo Evangelho, viver na vigilância e no amor mútuo.
Como batizados, esperar o Senhor que vem é o abandono das obras das trevas, para que, como pessoa, família, Igreja e sociedade, vivamos na luz.
Para isto, é preciso que sejamos sempre despertados de nosso sono: na aurora da chegada do Senhor a noite de nossa existência será iluminada.
Importante lembrar que “Santo Agostinho compara seu estado na vigília da conversão a um sono semidesperto, em que metade de sua vontade, acordada e ao lado de Deus, mandava que a outra metade despertasse e se decidisse.
Sono profundo ou sono semidesperto, não somente o estado de quem está em pecado ou vive esquecido de Deus, mas também a tibieza, a incoerência, a indecisão: um cristianismo ‘implícito’ que seria melhor chamar de cristianismo apagado…
Foram precisamente as últimas palavras de Paulo que acabamos de ouvir que levaram Agostinho a dar o último o para a conversão. Encontrava-se num jardim em Milão, no ápice daquela luta entre ‘as duas vontades’, quando ouviu uma voz misteriosa que cantava: ‘Pega e lê’.
Pegou a Bíblia e abriu-a, leu as palavras de Paulo que diziam para que se despertasse do sono, e dessa forma encontrou luz e paz no coração, Havia, enfim, tomado sua decisão diante de Deus” (2)
A agem do Evangelho de São Mateus (Mt 24,37-44), reforça a atitude de vigilância na fé que o cristão deve ter, em compromisso irrenunciável e inadiável com o Reino. A vinda do Senhor é certa, é preciso estar vigilante, preparado e ativo.
Estar vigilante para a vinda do Senhor implica em abertura e disponibilidade para o Reino de Deus, eterno e universal, marcado por relações de verdade, vida, graça, justiça, santidade e paz, como tão bem expressou o Prefácio da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Para isto, o Evangelista nos apresenta três quadros: o ócio, o trabalho e a não vigilância, ou seja, a despreocupação com a vida e a existência; ou o contrário, os compromissos e trabalhos para a subsistência; e por fim a ausência da vigilância, que leva à perda do encontro com o Senhor que vem. (v.37-39; 40-41; 43-44, respectivamente).
Somente a atitude de vigilância nos prepara para o verdadeiro Natal: a agem das trevas para a luz, do pecado para a graça, do distanciamento para a comunhão e intimidade com Deus, do ódio para o amor.
Recuperemos a dimensão Pascal do Natal para celebrar o Nascimento de Jesus, o Sol Nascente, a Luz sem ocaso, que nos veio visitar e sempre vem nos visitar.
Nossa espera é memória e presença. Memória porque Aquele que esperamos, Jesus, já veio (por isto a preparação necessária para o Natal), e presença, porque cremos e sentimos que Jesus está desde agora conosco; presente de modo salutar e real na Santíssima Eucaristia, que não apenas celebramos, mas comungamos, porque é o Deus Conosco, o Deus que Se faz Pão, Comida e Bebida para nos Alimentar e nos Salvar.
Que o Tempo do Advento seja a nossa ida com alegria ao encontro de Alguém que caminha conosco, e mais do que caminhar ao nosso lado, Se faz morada em nós.
(1) O Verbo se fez carne – (Pe. Raniero Cantalamessa) p. 17.
(2) Idem pp. 18-19.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda
Finalizando mais um ano Litúrgico, somos convidados a refletir sobre a vinda futura do Senhor, sua segunda vinda gloriosa.
Deste modo, sejamos iluminados pela agem da Segunda Carta do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses (2 Ts 3,7-12), que nos fala da vida futura e definitiva, a ser esperada sem preguiça e comodismo.
A comunidade não pode cruzar os braços, tão pouco “viver nas nuvens”, assim como não pode perder tempo com futilidades, e nada de útil fazer.
É forte a mensagem dirigida à comunidade: não há lugar para parasitas que vivam à custa dos demais, o que se caracterizaria em consumidores.
Há uma exortação à responsabilização de todos, porque o Reino de Deus começa aqui e agora e a todos compromete; portanto, jamais compreendido como uma evasão do mundo:
“…Jesus de Nazaré não traz uma plenitude totalmente pronta. Não em uma intervenção mágica que desresponsabiliza o homem. É verdade que chegou a plenitude prometida, mas espera ser completada. É um dom, mas simultaneamente uma conquista”. (1)
Na espera do Senhor que vem, façamos portando, uma revisão e avaliação do ano vivido, sobretudo nossos sagrados compromissos com o Reino, e renovemos nossa predisposição e forças para iniciarmos mais um ano, em maior e melhor correspondência aos desígnios divinos, a fim de que não apenas digamos, mas vivamos o que rezamos todos os dias – “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”.
(1) – Missal Dominical – pp. 1295-1296.
Postado por Dom Otacilio F. Lacerda em https://peotacilio.blogspot.com/
Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C), a Liturgia nos convidará a refletir sobre o modo diferente de Sua realeza.
A realeza de Jesus se expressa numa vida marcada pelo amor vivido, no serviço, na doação de Sua vida e no perdão, concedido a quem se põe numa atitude sincera de arrependimento e conversão.
Com a Festa de Cristo Rei, celebramos a festa da soberania de Cristo sobre a comunidade que n’Ele professa a fé, em total e incondicional adesão, tornando-se, como Ele, servidora do Reino, para com Ele também reinar.
Na primeira Leitura, ouvimos uma agem do Livro de Samuel, que nos apresenta Davi, como o rei de Israel, e um tempo marcado pela felicidade, abundância e paz (2 Sm 5,1-3).
Tempos depois, o Povo de Deus viveria situações totalmente adversas, e, com isto, o anúncio profético da vinda de seu descendente, que devolveria a este a alegria, a vida e a paz: o próprio Jesus.
Na segunda Leitura, ouvimos a agem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1, 12-20), que nos apresenta a soberania de Jesus Cristo sobre toda a criação, sendo Ele a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura (herdeiro principal), e também a fonte de vida plena para toda a humanidade, porque n’Ele, por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas.
Com isto, podemos afirmar que Jesus deve ter a centralidade em nossa vida, e n’Ele crer, implica numa nova conduta, novos pensamentos e sentimentos, porque a Ele totalmente configurados.
Na proclamação do Evangelho, ouvimos a agem de Lucas (Lc 23, 35-43), com a realização da promessa que fora feita desde os tempos dos Profetas: Jesus é o Messias, o Rei, o enviado por Deus que vai transformar a realidade do povo, inaugurando o Reino de Deus, não edificado sobre a força, a violência, na lógica do extermínio, tão pouco na imposição, mas tem como pilares o amor, o perdão e o dom da vida.
A narrativa de Lucas nos apresenta Jesus crucificado entre dois malfeitores, e, diante de Si, um povo silencioso, perplexo, e sobre Sua Cruz a inscrição:
“Este é o rei dos judeus”: “Ele não está sentado num trono, mas pregado numa Cruz; não aparece rodeado de súditos fiéis que o incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que o insultam e dos soldados que O escarnecem. Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa Cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante… Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena” (1).
É exatamente na Cruz que Jesus manifesta plenamente a Sua realeza. A Cruz é o Seu trono. Reinar com o Senhor implica também que os discípulos tenham a coragem de tomar a sua cruz quotidiana, com as renúncias necessárias, para segui-Lo com disponibilidade, fidelidade.
Reinar com Jesus é experimentar a força desarmada do amor, e tão somente assim se torna digna e frutuosa a celebração da Solenidade de Cristo, Rei e Senhor do Universo.
Finalizando, é preciso repensar nossa existência como discípulos missionários do Senhor.
Reflitamos:
– Como testemunhamos Jesus, um rei despojado de tudo e pregado numa Cruz?
– vivemos um discipulado despido de pretensões de honras, glórias, títulos, aplausos, reconhecimento, ibope, glamour?
Uma vez que proclamamos Jesus como nosso Rei e Senhor, reinemos com Ele, no amor, no perdão e na entrega da vida, em sincera e frutuosa doação em favor da vida plena e feliz para todos.
Reinemos com Jesus, fazendo d’Ele e de Sua Palavra o centro de nossa vida.
Dom Otacilio Ferreira de Lacerda
https://peotacilio.blogspot.com/2019/11/jesus-o-senhor-e-o-centro-de-nossa-vida.html
Senhor, que jamais nos vangloriemos de participar ativamente da Igreja, possuir ministérios ou ter um serviço na comunidade eclesial de que fazemos parte, porque tudo é obra de Tua graça.
Senhor, que jamais, por pertencermos a uma comunidade que professa a fé em Ti, substituamos as relações de serviço por relações de poder, de domínio, de opressão, na busca da promoção pessoal, somada à desvalorização de outras pessoas.
Ensina-nos, Senhor, a viver uma religião autêntica, que consiste em adorar ao Deus vivo e verdadeiro, sem a promoção do culto a si próprio, buscando a satisfação dos próprios interesses, e jamais fazer do Altar um “palco de si mesmo”.
Assim, Senhor, estaremos vigilantes, participando do Teu Reino, numa vida expressa em doação, serviço e entrega por amor, e tão simplesmente por amor a Ti, servindo-Te na pessoa de quem mais precisa. Amém.
Fonte inspiradora: agem do Evangelho Lucas 19, 45-48